A Eletros enviou uma carta esta semana aos governos federal e estadual, mostrando sua preocupação com o cenário que se desenha com o reduzido nível de águas que se mostra na subida dos rios da Amazônia, neste momento.
Ao mesmo tempo, a entidade pede que providências sejam tomadas antes do cenário se concretizar.
O que diz a carta
A carta da Eletros traça um cenário arrasador à economia do Amazonas. Mostra também que o que acontecer aqui poderá afetar o mercado nacional dos produtos fabricados em Manaus.
O quadro trata de cinco pontos. Veja abaixo:
1 – Linhas de produção paradas – Isso pode acontecer porque a navegação fluvial é o modal usado para transportar insumos, que chegam ao Amazonas de outras regiões e de outros países. Também é pelos rios que saem produtos acabados. Ou seja: tanto pode parar a produção como a entrega de encomendas, bens acabados.
2 – Desemprego – No ano passado, por causa da seca histórica, as fábricas pararam suas linhas de produção por até 30. Para não demitir, as empresas anteciparam as férias coletivas de dezembro. Os postos de trabalho foram mantidos. Este ano, como a água está menor do que os níveis de 2023, a Eletros prevê linhas de produção paradas por mais tempo.
Com dados nas mãos, Jorge Nascimento Júnior, presidente da entidade, já estima interrupções de mais de 60 dias. “Nesse caso, as demissões são inevitáveis”, disse ele.
3 – Queda de arrecadação – Prevê-se impacto tanto na receita tributária tanto do estado quanto da União. Há dados divergentes, mas há informação de que o impacto do ano passado nos cofres do Governo do Amazonas se aproximou de R$ 1 bilhão. Quando cai o dinheiro do Estado, cai também a partilha dessa arrecadação com os municípios.
4 – Desabastecimento – Por exemplo, o Polo Industrial da Zona Franca de Manaus é o maior produtor de ar-condicionado do país. É segundo maior fabricante do mundo. Em 2023, por causa da vazante recorde na Amazônia, o PIM deixou de entregar o produto em outras regiões. Pior. Faltou ar-condicionado no ano que o país registrou as mais altas temperaturas de sua história.
O PIM também é o maior fabricante de aparelhos de TV.
5 – Importações (pior dos cenários) – Consequência do ponto anterior, a abertura às importações é um cenário possível. Isso porque, se Manaus não conseguir entregar suas encomendas, o Brasil precisará recorrer a produtos de outros países.
“Reverter um decisão dessa pode ser mais difícil”, comentou Jorge Júnior.
O que fazer?
“Medidas imediatas, para agora, junho e julho, antes da vazante”, destacou o presidente da Eletros.
Na carta que a entidade enviou aos governos, os empresários pedem a dragagem e a sinalização dos rios, mediatamente.
No ano passado, as medidas foram adotadas pelo governo, mas quando as águas já estavam subindo, de volta.
Destinatários da carta da Eletros
Governo federal; a carta da Eletros foi endereçada a cinco ministérios e dois órgão dos governo federal. Ela também foi enviada ao governo do Amazonas.
São destinatários do documento:
Casa Civil da Presidência da República;
Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC);
Ministério de Minas e Energia;
Ministério dos Portos e Aeroportos;
Ministério de Ciência e Tecnologia;
Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT); e
Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ).
Governo do Estado
Governador do Estado;
Secretaria de Estado da Fazenda (Sefaz); e
Secretaria de Estado do Desenvolvimento.
Quem é a Eletros
A Eletros é a Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos. A entidade representa empresas que empregam mais de 50 mil trabalhadores no Polo Industrial de Manaus. Além disso, respondem por 50% dos R$ 170 bilhões do faturamento do PIM, em 2023.
O que diz a Suframa
O superintendente da Zona Franca de Manaus (Suframa), Bosco Saraiva, foi procurado pelo BNC para falar do assunto. Ele confirmou que a Suframa está recendo dados preocupantes com a estiagem. Eles confirma que esses dados mostram que neste ano pode-se repetir uma forte estiagem a exemplo do que ocorreu em 2023.
Esses dados, acrescentou, já foram enviados ao MDIC. Ele informou ainda que o vice-presidente Geraldo Alckmin está informado da situação. O quadro entregue a ele por meio da Suframa e da bancada federal do Amazonas em Brasília.
Bosco Saraiva também informou que a Suframa está acompanhando diariamente os dados da Marinha e as ações do DNIT.
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