Saudades de um “Tempo que Brilhava”
- blogdojucem
- 11 de jul. de 2023
- 2 min de leitura
Atualizado: 11 de jul. de 2023

Lembro-me com saudade da minha infância no bairro de São Lázaro, do tempo em que o céu noturno era uma pintura em movimento, exageradamente estrelado. As estrelas cintilavam em uma sinfonia de luzes, como se tentassem competir com a própria lua. A luz da lua, por sua vez, refletia no chão revelando as nuances do barro vermelho espalhado pelo caminho. Era um espetáculo para os olhos, um cenário que parecia saído de um conto de Carlos Drummond de Andrade.
As tardes de sábado traziam consigo um cheirinho reconfortante de cera e óleo de peroba. A casa arrumada da minha vó Luiza, exalava uma sensação de acolhimento, preparada com esmero para receber o descanso do fim de semana. Os móveis lustrosos reluziam sob a luz suave do sol poente, e tudo parecia em harmonia.
Ainda consigo sentir a brisa leve que trazia consigo o aroma fresco do pé de biribá no quintal de casa plantado pelo meu avô Arnaldo. Cada fruteira era um universo de cores e sabores, onde pupunhas, abacates, e mamoeiros se entrelaçavam em perfeita simetria.
Os gritos alegres das crianças brincando na rua João pessoa ainda ecoam em minha mente como uma melodia de felicidade. Ouvir as vozes cheias de energia enquanto corriam, pulavam e se divertiam me trazia uma sensação de liberdade. Naquele tempo, a inocência reinava e o mundo parecia um lugar mágico.
Lembro-me também da oração do Pai Nosso antes de entrarmos na sala de aula. O gesto simples, porém, significativo, unia nossos corações e fortalecia nossos laços. Era um momento de serenidade antes de mergulharmos no mundo do conhecimento.
As celebrações na igreja nas manhãs de domingo eram momentos de encontro com a espiritualidade. O ambiente sagrado, preenchido por cânticos e palavras de fé, inspirava esperança e paz em meu coração. Era um tempo de conexão com algo maior.
As aventuras no quintal do grupo eram como capítulos de uma história emocionante. O cheiro da mata, o som dos pássaros e o frescor do ar invadindo meus pulmões traziam uma sensação de liberdade e descoberta. Cada passo era uma nova emoção, uma chance de desvendar segredos escondidos.
Uma das lembranças mais doces é a de meus irmãos dividindo os deliciosos bolinhos fritos com chá mate que a mamãe preparava em dias de chuva. O calor da cozinha, a risada solta e o sabor reconfortante enchiam minha infância de alegria.
Recordo-me ainda dos sábados à tardinha, quando a dona Nazaré comprava bolacha Maria para comermos antes do He-man e os Defensores do Universo. Era um momento de descontração, de dar boas risadas e aproveitar a companhia da família.
Os domingos, por sua vez, eram sempre uma festa na casa dos meus pais. Esperava ansioso pelo almoço regado a bife, maionese e a tradicional farofa da dona Nazaré.
Às vezes, bate uma nostalgia profunda. Sinto saudade daquele tempo em que tudo parecia simples e cheio de encanto. Como era feliz e não sabia! Mas guardo essas lembranças com carinho, porque elas me lembram quem eu fui, de onde vim e o quanto minha infância foi especial. E essas memórias são como pequenos tesouros que carrego comigo, trazendo um sorriso nostálgico e de esperança de que esses dias doces me esperam amanhã.
O quintal do grupo era um lugar mágico, onde a alegria de estarmos juntos ali era fantástico, quantas lembranças boas do seu avô Arnaldo e da sua Luiza,quanta nostalgia do velho bairro de São Lázaro.
E como brilhava meu amigo Jucem! Viajei também nessa história do nosso tempo. Sou testemunha de tudo isso. Como é bom poder reviver lendo sua crônica. Abç
Olha... Posso concordar com isso, porque eu vivi a minha infância no São Lázaro, bom... Não por muitos anos, mas aqueles 3 anos... Me fez ter muita nostalgia de como era ser criança, agora com meus 17, sinto saudades daqueles dias voltarem aos dia de hoje.