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Pão e circo: prefeitos do AM já gastaram mais de R$ 3 milhões com shows de artistas nacionais


De volta à normalidade após quase três anos de pandemia, os prefeitos do interior do Amazonas têm investido nas festas com atrações nacionais. Com nomes mais bombados na indústria e outros que ainda estão surgindo, os chefes municipais estão desembolsando um alto valor dos cofres públicos, que somados chegam a somar cerca de R$ 3,4 milhões para o lazer do município.


Entre Tierry, Wesley Safadão, Dorgival Dantas, Léo Magalhães, Israel Novaes e até o padre Antônio Maria, entre outros, os prefeitos do interior do Amazonas tem tirado do bolso um alto valor para agitar as festas nas cidades. O cantor mais cotado pelos municípios para apresentações é o forrozeiro Wesley Safadão, que cobra o valor de R$ 350 mil a R$ 500 mil por show realizado.


Para se ter uma ideia, Wesley Safadão tem sido cotado para as principais festas dos municípios do interior. No início do ano, o cantor esteve presente no 40º Aniversário de Rio Preto da Eva, distante cerca de 81 quilômetros de Manaus. Na ocasião, ele recebeu R$ 650 mil pela apresentação de cerca de 1h de duração.


Deste valor, segundo o documento publicado no Diário Oficial dos Municípios, R$ 100 mil serão pagos pela prefeitura, com recursos próprios, e outros R$ 550 mil serão fruto de “patrocínio”.


Ao todo, o prefeito Anderson Souza gastou cerca de R$ 1 milhão com as atrações da festa. Além de Wesley, o evento contou com apresentações de Israel Novaes e Léo Magalhães. O valor recebido pelos artistas, no entanto, foi menor que o do forrozeiro.


De acordo com o site IstoÉDinheiro, o cachê de Israel Novaes varia de R$ 90 mil a R$ 120 mil e do cantor Léo Magalhães chega a R$ 220 mil por 1h30 de show. Vale pontuar que no extrato publicado, o prefeito não esclareceu de onde foi tirado o dinheiro para custear a realização do evento, que durou quatro dias.


Esse não foi o primeiro show que Wsley Safadão lucrou e deve lucrar. Em Novo Airão, o prefeito Frederico Júnior desembolsou R$ 700 mil, para se apresentar na Festa do Boto. A contratação foi publicada no Diário Oficial, mas não especificou sequer a data da festividade. De qualquer forma, o contrato entre a Prefeitura de Novo Airão e o escritório do cantor Wesley Safadão é válido até dezembro de 2022.


Em julho, Wesley Safadão tem mais um show marcado no Amazonas, desta vez em Autazes. O prefeito Andreson Adriano Oliveira Cavalcante vai desembolsar o valor de R$ 600 mil pela apresentação do forrozeiro na Festa do Leite.


Em abril, seria pago o montante no valor de R$ 500 mil, e a apresentação do artista estava marcada para o dia 29 de julho, uma sexta-feira, conforme extrato do contrato publicado no Diário Oficial Eletrônico (DOE).


Porém, uma errata do extrato do contrato sofreu duas alterações e conforme o documento: “onde se lê R$ 500 mil, leia R$ 600 mil e o dia da apresentação de Wesley Safadão passou para o domingo (31/07). Foram mais R$ 100 mil para que o cantor se apresente no último dia da festa do município.


O município também vai pagar pelo show de Dorgival Dantas, onde receberá R$ 180 mil pela apresentação.


Mais de R$ 200 mil


Quem também vai pagar um alto valor para ter um dos astros da música na cidade é a Prefeitura de Alvarães. A cidade com pouco mais de 16 mil habitantes vai receber o cantor sertanejo Tierry e o cantor de piseiro, Romeu. Ao todo, o município vai pagar R$ 280 mil pela apresentação dos artistas.


Apenas para o cantor sertanejo Tierry, serão pagos R$ 200 mil. Os outros R$ 80 mil caírão na conta do cantor de piseiro, Romeu.


Os contratos foram assinados pelo prefeito Lucenildo Macedo e publicados na última quinta-feira (19) no Diário Oficial. Conforme a publicação, as apresentações devem ocorrer durante o tradicional Festejo do Divino Espírito Santo 2022, nos dias 3, 4 e 5 de junho.



Além dos dois shows nacionais outras doze apresentações de cantores e grupos artísticos devem ocorrer. Pesquisas buscaram os valores no DOM, mas não encontrou os contratos.


Show gospel


O prefeito de Urucurituba, distante cerca de 218 quilômetros de Manaus, José Claudenor de Castro Pontes (PT), conhecido como ‘Sabugo’, vai investir um alto valor no show do Padre Antônio Maria. Cotado para se apresentar na Festa do Divino, inicialmente, o prefeito afirmou que pagaria R$ 500 mil na apresentação do padre, mas corrigiu o preço para R$ 118 mil.


Sabugo vai realizar um evento voltado para a música gospel, que deve ocorrer no mês de agosto, ainda sem data definida, conforme publicação no Diário Oficial dos Municípios (DOM), da última quinta-feira (12). No primeiro extrato assinado pelo prefeito, constava que o valor a ser gasto com o show do padre seria R$ 500 mil.


Além do alto valor que gastará apenas com a apresentação do padre, o prefeito Sabugo também vai contratar o cantor Anderson Freire. Porém, o artista gospel não deve se apresentar no mesmo evento, mas sim na Marcha Para Jesus, pelo valor de R$ 120 mil.


Shows suspensos


Chegando a cerca de R$ 1 milhão de gastos, os shows da dupla Bruno e Marrone e do grupo Sorriso Maroto, que seriam realizados em Urucurituba, foram suspensos pelo Ministério Público do Amazonas (MPAM).


Segundo o Diário Oficial, o prefeito Claudenor Pontes, vulgo Sabugo, pagaria R$ 500 mil apenas para o show de Bruno e Marrone.


“É importante destacar que o MP não tem nada contra a realização de evento festivo, mas, diante da atual precariedade enfrentada pela população local, especialmente nas áreas da saúde, educação, moradia, saneamento básico e pavimentação de ruas, a realização de um evento desse porte afronta os princípios de legalidade, moralidade, eficiência, proporcionalidade e razoabilidade que orientam a administração pública, visto que o valor dos quatro dias de show chegaria próximo de R$ 1 milhão”, apontou o Promotor de Justiça Kleyson Nascimento Barroso.


Pão e circo


De acordo com o cientista político Carlos Santiago, o gasto dos prefeitos do Amazonas com apresentações de artistas nacionais é a política do pão e circo, que faz com que os prefeitos fiquem ainda mais poderosos e consolidem os poderes no município por anos.


Segundo o cientista, diversos amazonenses estão se sustentando com auxílio das autoridades, sendo os que possuem carteira assinada poucos. Com isso, as cidades do interior não possuem desenvolvimento municipal, autonomia financeira e projeto transparente por parte das autoridades do município.


“O Índice de Desenvolvimento Humano municipal coloca as cidades do interior do Amazonas como piores nas áreas da saúde, da renda e da educação com relação outras cidades do país”, disse.


Um dos reflexos para as realizações dos shows é que “os municípios em sua grande maioria do Amazonas vivem de repasses constitucionais, mas os seus dirigentes, grupos familiares que a anos mandam nos municípios, e a anos controlam o poder político”.


Com isso, para sufocar a falta de planejamento e de governo, além do crescimento da miséria e muita corrupção, os prefeitos do Amazonas “usam e abusam da política do pão e circo, com shows e distribuição de ranchos”.

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