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Profissionais da enfermagem fazem ato em favor da lei que fixa remuneração mínima para categoria


"Barroso a culpa é sua". Com essas palavras de ordem os trabalhadores da enfermagem percorreram as ruas do Centro de Manaus na manhã desta sexta-feira (9), em protesto em favor do piso salarial da categoria. Durante o ato, a realização de uma greve não foi descartada caso a decisão liminar do ministro Luís Roberto Barroso do Supremo Tribunal Federal (STF) não seja revertida.


A mobilização ocorre no mesmo dia em que o colegiado inicia o julgamento da Ação Indireta de Inconstitucionalidade (ADI) protocolada pela Confederação Nacional de Saúde, Hospitais e Estabelecimentos de Serviços (CNSaúde). A entidade afirma que a lei causaria demissão de profissionais da enfermagem. Por isso, Barroso deu prazo de 60 dias para que Estados, Municípios e Governo Federal se manifestem sobre eventuais impactos.


Justificativa essa que não é vista da mesma forma pelo Conselho Regional de Enfermagem do Amazonas (Coren-AM). O presidente da entidade representativa, José Yranir do Nascimento, culpa o lobbie das empresas privadas pela não efetivação do piso e diz que o estudo dos impactos aos estados e municípios já foi entregue ao Supremo. Ele espera que até o dia 28 de setembro a liminar seja revertida.


“A desoneração na folha de pagamento das empresas já foi tirado. Eles não vão pagar mais imposto nenhum em relação a isso. E outra coisa, o lucro das empresas privadas foi de R$ 17 bilhões (R$ 17,6 bilhões em 2020 ou R$ 2,6 bilhões em 2021 – dados da ANS), então dinheiro tem. Os hospitais privados dizem que podem ficar sem dinheiro o que é uma mentira, porque o que mantém o lucro nos hospitais privados é UTI e leito ocupado e os leitos estão sempre ocupado”, afirmou o presidente.


A busca por uma remuneração digna foi o que levou a enfermeira coordenadora do Centro Cirúrgico do Instituto da Mulher, Alice Seric, 29, às ruas. Ela atua na profissão há seis anos e contou como tem sido difícil ter que conciliar o emprego com o cuidado com o filho, que é autista. Segundo a enfermeira, para a maioria dos trabalhadores terem um emprego só não está dando conta de pagar as contas da casa.


“É uma luta que já tem trinta anos e nada mais justo que a gente receber o que é nosso. A gente sempre está na linha de frente. Somos os que dão mais assistência aos pacientes e o cuidado também com a família que está acompanhando o doente. Nada mais justo que sermos remunerados com um valor justo, com um valor que a gente não precise ter três ou quatro empregos”, declarou.


Em alguns relatos dados pelos manifestantes ao A CRÍTICA, vários problemas foram destacados. Segundo eles, a falta de uma remuneração que condiz com a carga de trabalhado tem afetado inclusive a saúde mental dos profissionais. A técnica de enfermagem do Hospital Ana Braga, Priscila Souza, 45, afirma também que há casos de atraso salarial.


“Tem profissional atrasado, com seus compromissos atrasados e ninguém sabe. Então é preciso a gente vir para a rua protestar pacificamente e mostrar que sem a gente a saúde não funciona”, relatou a técnica de enfermagem.

Trabalhadores de outras frentes também foram às ruas somar força à enfermagem. O Sindicato dos Trabalhadores de Controle e Combate de Endemias no Amazonas (Sindagente-AM) foi um deles. A representante da categoria, Clelia Correa destacou a importância da união para valorização dos trabalhadores.


“É preciso que nós, outros sindicatos, outros cidadãos de bem, outras ações sociais venham para essa luta porque eles precisam ser reconhecidos. Esse piso salarial deles é justo. São mais de 30 anos trabalhando e eles não conseguem. Como pode um ministro fazer isso? Não tem cabimento”, protestou Clelia.


Ao longo do protesto - que saiu do Largo de São Sebastião em direção a Praça da Polícia -, no entanto, as palavras mais duras não foram direcionadas aos empresários da saúde, mas sim ao ministro. As críticas se faziam presentes desde os cartazes, aos gritos de “fora Barroso”. Alguns dos que discursavam no trio que acompanhava os trabalhadores são candidatos que levam a bandeira da classe.

Antes do início do ato eles foram alertados para que não fosse feito pedido votos, já que o evento não foi sinalizado ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE-AM).


A manifestação foi organizada de forma conjunta pelo Coren-AM, Abenfo-AM (Assossicação Brasileira de Enfermagem Obstétrica do Amazonas), SATEAM (Sindicato dos Auxiliares e Técnicos de Enfermagem do Amazonas), Sinproenf (Sindicato dos Profissionais Enfermeiros Serviço público no estado do Amazonas), Sindipriv (Sindicato dos trabalhadores da saúde privada, atuantes em estabelecimentos públicos e privados em todo o estado do Amazonas), e o Fórum de Entidades de Enfermagem do Amazonas, (FEEAM).

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