Pais podem usar aplicativos para controlar acesso de crianças à internet
- blogdojucem
- 5 de mar. de 2022
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Utilizar ferramentas de controle sobre o uso da internet e o diálogo são estratégias para que os pais saibam que tipo de conteúdo os filhos consomem. A orientação é da advogada especialista em Educação Digital e Dependência Tecnológica Fabíola Rebelo.
O caso de Emanuel Marques, de apenas 9 anos, que viajou sozinho de Manaus para São Paulo no dia 26 de fevereiro acendeu um alerta para a questão.
O advogado dos pais do menino, Mozarth Bessa, afirmou que houve uma sucessão de erros pela direção do Aeroporto Eduardo Gomes e da companhia aérea Latam que permitiram isso. Bessa informou que Emanuel pesquisou sobre os voos, critérios para entrar no avião e aproveitou a distração de funcionários para embarcar.
Fabíola Rebelo corrobora a visão de Bessa sobre as falhas na segurança. “Porque o fato não foi só ele embarcar, foi dele ter conseguido executar a viagem. Porque por mais que você entre no avião, a gente sabe que antes de entrar o comissário de bordo passa, vai conferindo as cadeiras, se tem alguém fora do lugar, eles contam a quantidade de passageiros, se está batendo com a quantidade de check-ins feitos”, pontuou.
Sobre as pesquisas de como embarcar em um avião, ela explica que mesmo que seja uma criança que não tenha viajado, pode aprender isso por vídeos na internet. “Se você for pesquisar no YouTube tem muitos vídeos do tipo ‘minha primeira viagem de avião, o que fazer no aeroporto, como fazer conexão’. Enfim, experiências que as pessoas contam sobre o seu primeiro voo, sobre como foi aquela viagem, algumas situações que passaram até para ajudar outras pessoas a como resolver”, disse.
A especialista afirma que há aplicativos de controle parental para que crianças e adolescentes não tenham acesso fácil a qualquer conteúdo, incluindo os impróprios, como pornografia, violência e contato com pessoas estranhas. “Tem tanto aplicativo de controle parental gratuitos e pagos que os pais podem instalar no celular, principalmente, porque hoje em dia a grandessíssima maioria das crianças usa o celular”, esclareceu.
É possível habilitar os aparelhos usados para acessar a internet, de forma que são criados filtros sobre o que é visto, limite de idade, entre outros. Os pais também podem configurar redes sociais e navegadores de pesquisa, como o Google.
“Por exemplo, se é uma rede social, se aquelas mensagens são públicas ou privadas. Tem coisas mais complexas para serem feitas, por exemplo, no próprio Google, utilizar o Family Link, que é uma espécie de controle parental do próprio Google que você pode acessar pela própria plataforma dele e você cria uma e-mail para a criança, um para você e aí a família passa a monitorar tudo o que a criança faz. Você pode estabelecer horário para interromper o acesso à internet, inúmeras coisas”, explicou.
Além do Family Link, Rebelo cita o Family Safe, da Microsoft, e ESET. A especialista afirma que há aplicativos pagos com diferentes funções que vão desde o controle de tempo de tela a GPS [Sistema de Posicionamento Global] e filtro de pesquisa. “Mas para mim, o Family Link é gratuito e cumpre bem a maioria das funções. A conta do filho fica vinculada ao aparelho dos pais assim conseguimos acompanhar o que os filhos fazem”.
Mesmo com tudo isso, Rebelo reforça que a conversa é necessária, pois os meios de monitoramento apenas dificultam o acesso irrestrito aos conteúdos e não há como ter controle total sobre o que os filhos veem.
“Essa questão do diálogo é justamente para quando, se vier a acontecer alguma coisa que foge daquele seu limite do controle do aplicativo e configurações, a criança saber agir. Saber que tem que chamar o pai, a mãe, dizer que apareceu uma coisa suspeita, que tem alguém suspeito falando com ela, apareceu esse conteúdo e ela vai fechar, porque sabe que não é apropriado para ela”, afirmou.
Rebelo ressalta que ao fornecer acesso à internet aos filhos, os pais têm a obrigação de orientar e acompanhar o uso. “Porque eu sou a responsável legal por eles. E a gente sabe que a internet está cheia de riscos para crianças e adolescentes”.
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