Mãe e filha, de 54 e 24 anos, respectivamente, foram presas em flagrantes nesta terça-feira (19) por manterem dois homens, de 57 e 63 anos, em condições análogas à escravidão em um sítio no município de Presidente Figueiredo (a 117 quilômetros de Manaus).
Segundo a delegada Andrea Nascimento, que coordenou a Operação Virtude, a polícia recebeu denúncia anônima sobre a situação no sítio. “Ambos estavam sujos e debilitados, com as mãos e pés calejados pelo trabalho forçado ao qual eram submetidos, além de estarem sem se alimentar. Chegamos ao sítio por volta das 10h e eles ainda não haviam tomado café da manhã”, disse a delegada.
Andrea Nascimento disse que o homem de 63 anos estava há oito anos no sítio e não tinha ciência de que recebia benefício do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social). Os policiais o acompanharam até a agência bancária, onde descobriram um empréstimo de R$ 16 mil realizado em seu nome. O valor foi transferido para a conta da jovem de 24 anos. De acordo com Andrea Nascimento, o empréstimo foi realizado no dia 28 de março deste ano.
Trabalho análogo à escravidão
A delegada disse que a polícia constatou que a mulher obrigava o idoso a fazer todos os serviços no sítio, inclusive cuidar de 150 animais, entre porcos, carneiros, perus, pavões, bois, coelhos, galinhas, cães, patos, e até animais silvestres. A jornada de trabalho era exaustiva, sem pagamento de salário. A mãe e a filha têm residência em Manaus, para onde se deslocavam com frequência.
“Em relação ao outro homem de 57 anos encontrado no sítio, verificamos que anteriormente ele era morador de rua e já estava no sítio há cerca de seis meses, desde dezembro de 2023. Ele apresentava sinais de alienação social, pois não se identificava como vítima, acreditando que fazia parte da família devido às idas eventuais à igreja promovidas pelas autoras”, disse Andrea Nascimento.
O homem estava desempregado quando a mulher ofereceu um salário para que ele fosse trabalhar no sítio. Desde então, passou a viver em situação análoga à escravidão.
“Ambos não recebiam salário, pois a mulher alegava algum tipo de dívida por parte das vítimas. Um deles afirmou que certa vez um pavão fugiu e ele teve que pagar o valor de R$ 5 mil pelo animal. As vítimas dormiam em ambientes inadequados, dividindo o espaço com os animais. Estavam com as mãos e pés machucados, calejados pelo trabalho pesado que realizavam diariamente e apresentavam visíveis debilidades físicas”, disse Andrea.
A mãe e a filha responderão por redução à condição análoga à de escravo, supressão de documentos particulares, apropriação de bens ou rendimentos da pessoa idosa, discriminação, desdém, humilhação e menosprezo à pessoa idosa, furto mediante fraude e abuso de confiança.
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