Indígenas da etnia Mura denunciam que estão sofrendo ameaças de morte após se posicionarem contra o que chamam de “atropelo” no caso do licenciamento da exploração de potássio no município de Autazes.
O processo de autorização para a exploração mineral é conduzido pelo Ipaam (Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas) e ocorre em meio aos debates judiciais sobre a competência para avaliar o empreendimento.
Um grupo de indígenas da aldeia Lago Soares, liderado pelo tuxaua Filipe Gabriel Mura, de 26 anos, esteve na sede do MPF (Ministério Público Federal), em Manaus, para denunciar as ameaças e participar de uma entrevista com os procuradores da República Fernando Soave e Sofia Farias, responsáveis pelas ações judiciais contra a Potássio do Brasil.
Durante a entrevista, os procuradores fizeram um apelo aos defensores da exploração de potássio em Autazes. Dessa maneira, eles pediram que as “violações e manipulações” sejam interrompidas.
Na ocasião, Fernando Soave declarou: “Parem, por favor, essas violações, essas manipulações. Tomara que não, mas daqui a pouco [teremos] essas mortes, porque ameaça já tem. Essas ameaças estão nas mãos de quem está permitido que esse empreendimento avance. Parem com isso”.
Os procuradores solicitam que a Potássio do Brasil aguarde a conclusão da demarcação da área reivindicada pelo povo Mura, atualmente em andamento pela Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas), antes de verificar a viabilidade do empreendimento.
Os conflitos em torno da exploração de potássio em Autazes têm aumentado nos últimos anos, dividindo os próprios indígenas.
Enquanto alguns apoiam o empreendimento e colaboram com a Potássio do Brasil, outros combatem a iniciativa com o apoio do MPF.
Na última quarta-feira (29), o MPF lançou um site com informações sobre o “Caso Potássio”, onde o órgão apresenta em ordem cronológica os fatos que levaram à contestação das licenças concedidas pelo Ipaam. O procurador da República Fernando Merloto afirmou que o objetivo é garantir transparência sobre o caso.
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