Uma greve dos servidores da Receita Federal vai afetar a indústria e o comércio no Amazonas, atingindo diretamente a Zona Franca de Manaus (ZFM). Aproximadamente 250 auditores fiscais devem aderir a greve nacional programada para segunda-feira (04/09).
O motivo da paralisação é o não cumprimento de um acordo de ajuste salarial feito pelo Governo Federal, em 2017, com os auditores fiscais do país. A situação alcança cerca de sete mil servidores.
Representantes da categoria afirmam que, em junho deste ano, o acordo de reajuste salarial foi regulamentado e, sem aviso prévio, o governo federal informou que não será cumprido.
De acordo com Eduardo Toledo, 2º vice-presidente do Sindifisco Nacional, o acordo não envolve acréscimo de despesa do governo federal, sendo apenas uma realocação de recursos. O Fundaf seria usado para cumprir esse reajuste. Os autores da mudança foram os Ministérios do Desenvolvimento e Fazenda.
“A gente não tem o menor interesse que a população seja afetada. A gente buscou as entidades representativas para que elas busquem o contato com a bancada do Amazonas para sensibilizar o governo federal. A gente sabe que é um momento muito inoportuno porque a indústria está se preparando para o natal. Hoje, o fiscal federal é o pior fiscal remunerado do Brasil. A greve afeta a indústria, pois quando chega uma mercadoria importada, quem faz esse controle são os auditores, evitando que entre mercadoria montada”, disse.
Ainda segundo Eduardo Toledo, o modelo Zona Franca de Manaus é muito dependente do trabalho dos auditores fiscais e o efeito será a falta de insumo, refletindo no comércio e chegando na população.
De acordo com Antônio Kizem, vice-presidente da CDL Manaus, com a greve, uma carga que demora dois ou três dias para chegar, pode demorar uma semana, 15 dias e tudo gera um custo maior para o comércio, indústria e automaticamente para o consumidor.
“O comércio que é importador precisa da autorização da Receita Federal. Toda carga que chega importada, ela passa pela alfândega. A partir do momento que a carga não é liberada, os terminais que guardam, você paga por armazenagem, onerando o preço para o comércio e para o consumidor. A nossa preocupação na indústria é ficar sem insumo, colocar funcionário em casa, reduzir turnos. Nós estamos no Amazonas e temos logística para receber, produzir e distribuir. Essa greve é uma questão unicamente política. Quem vai sempre pagar a conta será sempre o consumidor”, disse.
Segundo Lúcio Flávio, presidente executivo do Cieam, o momento não é propício para enfrentar uma crise dessa magnitude.
“Esse não é o momento exato de enfrentarmos uma crise dessa natureza. Estamos em um momento de pico de produção, então qualquer retardo é prejudicial para a indústria. Se parar uma linha de produção, todos os trabalhadores param também. Espero que seja encontrado um diálogo, um caminho para resolução do problema. Santos já está sofrendo com esse movimento, Manaus ainda não”, explicou.
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