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Facções usam gado, mineração e madeira para se adaptar na Amazônia


Exploração de madeira, extração mineral, criação de gado e agricultura são usadas por facções do tráfico de drogas na Amazônia para lavar dinheiro. Com as atividades econômicas, os grupos criminosos se adaptam para movimentar o dinheiro obtido com o tráfico de cocaína, a droga mais comercializada no país.


A afirmação é do secretário nacional de Segurança Pública, Mário Sarrubbo, ao participar da Reunião de Trabalho dos procuradores da República criminais do Arco Norte, em Manaus, na quinta-feira (6). O evento, que começou na quarta (5), termina nesta sexta-feira (7).


“Atualmente, a maior atividade do crime organizado e a evolução dessas organizações está relacionada à cocaína, de onde vem a principal fonte de receita. Isso é muito ruim para o nosso país, já que somos vizinhos dos maiores produtores do mundo. O Brasil virou um grande entreposto de cocaína no mercado global de tráfico de entorpecentes”, disse Sarrubo.


Na Amazônia, as facções têm usado o crime ambiental para assegurar a manutenção dos recursos financeiros ilícitos. “Há uma característica das facções criminosas, que é a capacidade de adaptação e evolução dessas organizações ao longo do tempo. Aqui na Amazônia, os crimes ambientais praticados pelo crime organizado, que lavam o dinheiro com madeira, extração mineral, gado e outros crimes, na verdade é uma adaptação. Na nossa visão, essas facções entendem que o crime ambiental é um crime de menor potencial, menos grave. E assim eles foram se adaptando e crescendo”, avaliou Mário Sarrubbo.


Para o secretário, as estratégias necessárias para enfrentar o crime organizado transnacional envolvem operações integradas e unificadas, além da cooperação internacional. “Precisamos de uma abordagem multifacetada. Olhar o crime organizado em suas mais variadas ramificações e seus níveis. Temos que trabalhar políticas públicas que se baseiem efetivamente na integração entre as forças de estado, abraçando entidades públicas e privadas. Que estejamos todos à mesa de forma horizontal. Só desta forma teremos avanços”.


O encontro em Manaus reuniu procuradores da República e promotores de Justiça que atuam no combate à criminalidade na região conhecida como Arco Norte, que envolve os estados do Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia e Roraima.


“O cenário é complexo e envolve macrocriminalidade, transnacionalidade e organizações criminosas. O crime organizado avança de forma implacável, explorando os rios e florestas para atividades ilícitas, especialmente o tráfico de drogas.”, disse o coordenador da Câmara Criminal do MPF (Ministério Público Federal), subprocurador-geral da República Carlos Frederico Santos.


Ele defendeu o uso de tecnologia de inteligência e cooperação para enfrentar o crime organizado na região. “A integração entre os ministérios públicos da Amazônia Legal e as unidades do MPF na região é fundamental e deve ser incentivada. Além disso, novas ferramentas e estratégias devem ser desenvolvidas para combater efetivamente as organizações criminosas e proteger a sociedade”, disse.


Expansão


De acordo com o relatório “Cartografias da violência na Amazônia”, de 2023, ao menos 22 facções criminosas nacionais e estrangeiras atuam na Amazônia Legal. O estudo mapeou a presença de facções em 178 das 772 cidades da região (25%), um a cada quatro municípios. Em 80 deles, há disputa entre facções.


O domínio do narcotráfico se reflete, obviamente, nos indicadores da violência. Em 2022, a taxa de mortes violentas intencionais na região chegou a 33,8 mortes por 100 mil habitantes, 45% superior ao índice de 23,3 vítimas da média nacional.


A taxa de feminicídios foi de 1,8 para cada 100 mil mulheres, 30,8% superior à média nacional, de 1,4 por 100 mil. E a taxa de estupros foi de 49,4 vítimas para cada 100 mil pessoas, 33,8% superior à média nacional, de 36,9 por 100 mil no mesmo período.


Quanto aos crimes “tradicionais” da Amazônia, o documento aponta um aumento de 85,3% nos crimes vinculados ao desmatamento entre 2018 e 2022; 51,3% nos casos de incêndios criminosos; e 275,7% nas ocorrências relacionadas à grilagem.


(Com Agência MPF)

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