Os estados da região Norte estão há quase um mês sem receber cimento asfáltico de petróleo (CAP), matéria-prima para produção de asfalto para pavimentar ruas e estradas. O produto deveria ser fornecido e produzido pela Refinaria da Amazônia (Ream), única empresa autorizada pela Agência Nacional de Petróleo (ANP) para fabricar e comercializar o CAP na região.
De acordo com as empresas que compram o produto para fabricar o asfalto, diariamente, a Ream emite notas adiando a normalização do fornecimento, mas não está cumprindo os prazos, fato que vem prejudicando toda a cadeia de produção, ameaçando centenas de empregos e afetando a continuidade de uma série de obras nos estados.
Segundo um dos representantes das empresas, que pediu para não ser identificado por temer ser mais prejudicado na entrega do cimento asfáltico, a demanda diária em Manaus é de 40 toneladas e para cumprir contratos previamente acertados, a categoria já avalia importar o CAP de São Paulo, caso a situação não seja normalizada nos próximos dias.
“Já estamos conversando com nossos clientes sobre isso, uma vez que haverá um aumento de mais de 50% no valor final do material, mas precisamos tomar uma providência porque não há previsão e esta situação está afetando toda a cadeia produtiva, de transportadoras e construtoras, até prefeituras que precisam realizar obras”, disse.
Ream
Privatizada no final do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a antiga Refinaria Isaac Sabbá em Manaus, foi transferida no dia 1º de dezembro para a empresa Atem Distribuidora, quando passou a ser denominada Refinaria da Amazônia (Ream).
No último dia 25, a Prefeitura de Manaus, por meio da Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seminf), informou em seu site oficial que “as frentes de obras de asfalto na cidade estão temporariamente paralisadas devido à ausência do Cimento Asfáltico de Petróleo (CAP)”.
Ainda segundo a secretaria, o laboratório contratado pela empresa Petrobras condenou um lote do CAP, por não atender as características físicas exigidas para a qualidade do pavimento e a expectativa da prefeitura, naquela data, era que “as usinas preveem retomada de distribuição do CAP ainda esta semana”.
Na nota, a Ream informava aguardar nova certificação para o dia 23 de abril, com previsão para venda do CAP no dia seguinte, justificando que “de acordo com as análises executas pelo laboratório, o resultado obtido para o CAP 50/70 não atendeu a especificação exigida”.
Deputado alertou
Em junho de 2022, o deputado estadual Serafim Corrêa (PSB) alertou para o risco de desabastecimento de combustível e de outros produtos com venda da Reman. Serafim pediu para a superintendência-geral do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) que reexaminasse com isenção a decisão que aprovava a venda da refinaria.
“Venho tratar de um assunto que deve preocupar a todos. Quando a movimentação era dos petroleiros contra a venda da refinaria pela Petrobras para o Grupo Atem, era uma coisa. Poderia se dizer que aquilo era uma luta de empregados de uma empresa estatal que passariam a ser empregados de uma empresa privada. E poderiam perder vantagens e direitos. Temos que reconhecer suas razões e preocupações que merecem todo apoio”, disse Serafim na época.
O parlamentar exibiu no plenário da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam) a matéria publicada pelo site Amazonas Atual, ‘Distribuidoras citam aumento de preços e recorrem contra venda da Reman’, que traz a preocupação de distribuidoras com aumento dos combustíveis em decorrência da operação.
“A refinaria está sendo vendida para o Grupo Atem, mas a Ipiranga, Equador, Raízen e a Fogás estão recorrendo da decisão do Cade para que reexamine, porque o monopólio é muito ruim. Pior do que o monopólio estatal, é o monopólio privado. Vamos ter até o risco do desabastecimento, porque apenas uma distribuidora, que é a adquirente, iria ficar com todo o complexo de desembarque de derivados de petróleo. Isso também pode resultar em aumento de preços”, alertou Serafim.
Nota da Ream
“A Refinaria da Amazônia (Ream) informa que já voltou a fornecer o Cimento Asfáltico de Petróleo (CAP). Os clientes da refinaria estão devidamente informados sobre o reabastecimento.”
(*)Com informações da assessoria
Comments