Uma denúncia encaminhada ao Grupo de Combate ao Crime Organizado (GAECO) do Ministério Público do Amazonas (MPAM). ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e à própria Justiça, via ações cíveis e criminais e Corregedoria, revela um esquema criminoso de pagamento de dívidas sem acordo judicial em algumas das maiores Prefeituras do interior amazonense. O pior no caso é que as empresas credoras são lesadas, uma vez que não recebem seus créditos, que ficam retidos por uma máfia que inclui conhecida advogada amazonese, membros do Judiciário, prefeitos e procuradores municipais.
O blog teve acesso à denúncia, mas não foi autorizado a revelar nomes por orientação dos advogados que estão no caso. Eles entendem que apenas depois da aceitação da denúncia por algum dos órgãos a divulgação pode ser feita na íntegra, mas explicaram detalhadamente como funciona o esquema.
A ponta de lança do grupo criminoso é uma advogada renomada, que tem parentes no Judiciário e escritório pomposo em área nobre de Manaus, ao lado de um famoso shopping center. É ela quem procura os empresários e se oferece para resolver o seu passivo. O blog teve acesso a uma mensagem dela para um dos lesados. Inicialmente ela diz que pode resolver a situação negociando com o prefeito e o procurador de um dos maiores municípios do interior e induz a vítima a assinar um documento que é uma espécie de acordo extrajudicial. Diante da desconfiança do cliente, ela envia o seguinte texto via WhatsApp:
“ Isso é um esforço que estou fazendo para que essa lide seja resolvida. Eu vou à Prefeitura para ainda negociar nestes termos. Então, se criarem qualquer embaraço nesta etapa, vai ser muito difícil chegar a um acordo, (sic) então, preciso que assinem isso e mantenha sigilo até eu conseguir fechar o acordo e a justiça homologar. Também senão (sic) quiserem aceitar o que estou propondo, eu vou ligar e informar que não tenho mais interesse. Daí vcs aguardem 10 anos para tentar receber em precatórios…”.
Com o documento em mãos, ela vai à Prefeitura, fecha negócio, recebe o passivo, mas não repassa ao empresário, que não é mais contactado. No caso específico a que o blog teve acesso, a vítima só descobriu o golpe quando procurou novamente o prefeito para cobrar a dívida e foi informado de que a quitação já havia sido feita.
O empresário não se conformou com o desfecho e passou a monitorar a advogada. Ele teve acesso a vídeos do condomínio em que ela mora, que mostram o momento em que entrega uma bolsa volumosa e uma pessoa em uma pick-up da marca Fiat. Em outro ela aparece entregando dinheiro ao parente de um procurador de município do interior. Também constatou a vida de luxo da golpista, que usa carros de luxo, a exemplo de BMW e Mercedes Benz.
A advogada já aplicou o mesmo golpe em outros empresários. Ela usa sempre os mesmos argumentos: tem conhecidos no Judiciário que facilitariam a homologação de acordos para que as Prefeituras pagassem passivos. Usa o nome da parente que tem no Judiciário e de outras autoridades que simplesmente não têm relação com ela.
“Ela é uma 171 perigosíssima. Se diz cristã, envia mensagens de cunho evangélico e passa muita credibilidade. Você simplesmente não percebe que é um golpe”, diz um dos empresários lesados, que assina a denúncia aos órgãos de controle.
As vítimas vão encaminhar a denúncia também à Ordem dos Advogados do Brasil, seccional Amazonas (OAB-AM), pedindo a cassação da carteira dela.
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