Um dossiê apócrifo, sem assinatura de nenhuma autoridade ou órgáo público, que foi desacreditado por uma perícia técnica, voltou a aparecer em um veículo de comunicação nacional, a revista Veja.
Atribuído à Secretaria de Inteligência da Secretaria de Segurança do Governo do Amazonas, ele circulou pela primeira vez às vésperas da eleição de 2022. O “documento” versa sobre um pretenso apoio de facções criminosas ao prefeito de Manaus, David Almeida (Avante), na eleição municipal de 2020. Na época, o Governo não reconheceu a autoria da peça.
A publicação desta vez sequer considerou o contraditório e não deu ao chefe do Executivo Municipal a chance de colocar sua posição sobre o assunto.
O chamado dossiê teria sido elaborado na época em que a Secretaria de Inteligência era dirigida pelo delegado Samir Freire, preso em 2021 sob acusação de interceptar, com o uso de informações privilegiadas, um carregamento de ouro. Ele foi destituído do cargo e afastado da Polícia Civil, junto com outros integrantes de sua equipe.
Investigações do Ministério Público resultaram, em 2022, na Operação Garimpo Urbano, que prendeu o então titular e outros policiais que atuavam no órgão. O grupo usava a estrutura do Estado para fazer grampos ilegais de telefones para extorquir e praticar crimes.
O “documento” foi encaminhado ao Ministério Público e a instituição não instalou inquérito para investigar o caso pela total falta de indícios e provas. O caso já foi inclusive desmentido pelo próprio prefeito David Almeida, em coletiva de imprensa ainda em outubro de 2022, ocasião em que foram apontadas pelo menos 34 inconsistências no texto.
Áudios que seriam de uma suposta interceptação telefônica citam os nomes do prefeito e do vice-prefeito Marcos Rotta (Progressistas), mas até hoje não se sabe de quem é a voz que se ouve. Trecho atribuído ao prefeito sequer tem o mesmo timbre ou entonação. Por isso, à época, David Almeida contratou perícia para atestar a falsidade dos áudios atribuídos a ele. E na conclusão pericial, realizada pela empresa Freenatworks Solutions, foi constatado a fraude, que considerou os mais diferentes aspectos técnicos, como: entonação, timbre, articulação vocal, emissão vocal, entre outros analisados.
“É criminoso quem produziu (o dossiê), quem vazou e quem compartilha e ele só serviu para tentar me constranger, sem qualquer prova, um relatório que não diz quem o solicitou, de onde partiu, não chega a nenhum conclusão, não é assinado, e mesmo depois de ter sido claramente desmentido, volta a ser propagado”, diz o prefeito.
“Agora, no momento em que se aproxima o processo eleitoral, plantam esse dossiê apócrifo na mídia nacional, provavelmente os mesmos que o vazaram em 2022”, acrescenta David.
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