Em pronunciamento na Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam) nesta terça-feira (9), o deputado estadual Sinésio Campos (PT) fez um apelo ao governador Wilson Lima (PL) para não enviar recursos para reformas no T6, no bairro Lago Azul, zona Norte de Manaus. As obras previstas têm como finalidade transformar o local no novo Terminal Rodoviário da capital. Em junho do ano passado, Lima e o prefeito de Manaus, David Almeida (Avante), assinaram convênio que prevê repasse de mais de R$ 13 milhões à implantação da estrutura.
“O governador Wilson Lima não pode liberar. A atual rodoviária é patrimônio da Sead (Secretaria de Estado de Administração e Gestão). Então que o próprio governo faça uma rodoviária e acabe com essa história de repassar dinheiro”, declarou Sinésio
Outro ponto crítico da proposta é a demanda por novos investimentos para a reestruturação do T6, cujo valor total foi de R$ 16 milhões, pago pela gestão do ex-prefeito Artur Neto (PSDB).
O parlamentar relatou que, durante visitas ao Terminal Rodoviário de Flores, na zona Centro-Sul, constatou que vários permissionários do local desaprovam a mudança, pois temem perder vendas. “Ninguém quer do jeito que está. Mas existe um estudo que confirma a viabilidade e ampliação da atual estrutura”, argumentou.
Usando o modelo do terminal rodoviário de Rio Branco, no Acre, para efeito de comparação, o deputado observou que o projeto da nova estrutura não inclui estruturas e equipamentos adequados para o bom atendimento ao turista, como praça de alimentação, ares-condicionados, estacionamento e posto de polícia. “O governo também poderia colocar um PAC para atender os moradores do interior que precisam resolver pendências”, recomendou Sinésio.
Prejuízos
O deputado Rozenha (PMB) acrescentou que a localização do novo terminal vai dificultar o acesso da população de baixa renda às diferentes zonas da capital.
“Não temos condições de ter um terminal tão descentralizado. Isso não existe em nenhuma capital do Brasil. O cidadão que chega de Novo Airão e Manacapuru vai gastar dinheiro com Uber e táxi, um prejuízo aos menos favorecidos. São pessoas sem carro e dinheiro para viajar de avião”, ponderou.
Já o delegado Péricles (União) ressaltou que a localização da rodoviária atrapalha o fluxo de trânsito da capital, mas contestou a escolha da nova sede. “Hoje, a situação é bem diferente de anos atrás, quando ficava perto do Centro. Atrapalha o fluxo de trânsito de Manaus. O T6 não pode ser rodoviária. Já houve gastos para o terminal”.
Em resposta, Sinésio propôs que o montante anunciado pelo Executivo estadual seja aplicado em reformas da atual rodoviária enquanto o poder público define uma localização mais acessível. Ele pediu ainda que a Comissão de Obras, Patrimônio e Serviços Públicos faça uma visita às obras do T6. O presidente da Comissão, George Lins (União), acatou a proposta.
Após visita ao Terminal Rodoviário de Flores e ao T6 nesta semana, a Defensoria Pública do Amazonas (DPE-AM) recomendou que a Prefeitura de Manaus faça uma audiência pública para ouvir a população sobre a transferência. O Tribunal de Contas do Estado do Amazonas (TCE-AM) também questionou os valores e a licitação das obras no T6.
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