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De comunidades do Amazonas para o Mundo: pele de pirarucu entra mira de grandes marcas da moda


Se antes a pele do pirarucu era descartada ou até enterrada, hoje ela traz ganhos para pescadores e também é alvo de grandes marcas da moda. Isso é o que aponta Fundação Amazônia Sustentável (FAS), que há anos vem realizando um trabalho de assistência junto aos manejadores e moradores da Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Mamirauá, ligados à Associação dos Moradores e Usuários da Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Mamirauá Antônio Martins (Amurman).


Junto com a FAS, os pescadores passaram a dar uma nova destinação para essas peles, que agora são usadas por marcas famosas como a Osklen e Louis Vitton, principalmente para produção de couro para bolsas, calçados e outras peças de moda.




Para Edvaldo Correa, gerente do Programa Floresta em Pé, da FAS, a venda da pele do pirarucu, bem como o próprio trabalho em conjunto com a Fundação Amazonas Sustentável, fez com que pescadores e moradores da Desenvolvimento Sustentável Mamirauá aumentassem seus lucros advindos da pesca.


“Antes desse trabalho com a FAS, o pescador tinha que lidar diretamente como o que chamamos de atravessador, que uma época pagava por R$ 4 o quilo do Piracuru, e depois queria pagar menos. Agora não, eles têm mais controle com sobre esse valor, porque a gente trabalhou para dar mais estrutura para que eles conseguissem agregar valor nesse produto. E quando falamos em agregar valor, falamos em diversificar a comercialização desse pirarucu, não vendendo ele apenas inteiro, como faziam até então, mas dar várias destinações a esse produto. E quando eu consigo vender a pele, também consigo aumentar o valor que o pescador vai receber”, afirma Edvaldo.


Segundo a FAS, em 2019 a Amurmam comercializou 2.178 peles. Em 2020, foram 1.415 e em 2021, o número baixou para 948 peles. O motivo do decréscimo na comercialização foi a pandemia e consequente diminuição das feiras de pirarucu presenciais, o que fez aumentar número de vendas do pescado inteiro – e não em pedaços - para frigoríficos, o que impede a retirada da pele para comercialização. No entanto, para este ano a expectativa venda de peles de pirarucu fique em torno de 1.100.


Atualmente, a pele representa cerca de 23% do total de ganhos das feiras de pirarucu para as famílias beneficiadas. Em 2021, o valor total de faturamento para as 217 famílias de 11 comunidades da RDS Mamirauá foi de mais de R$420 mil. Na safra de 2021, o valor de cada pele foi de 140 reais e, neste ano, os manejadores estão fechando a negociação para 160 reais/unidade.


“Esse privilegio sobre a pele do pirarucu é algo que nossa comunidade descobriu ano passado. Viemos fazer a feira ano passado e não sabíamos dessa prática, e quando soubemos que poderíamos vender a pele, acabou nos ajudando muito, porque é um aumento de renda importante”, afirma Maria do Rosário, presidente da Associação de Pescadores da Comunidade Nova Esperança.


Toda pele de pirarucu deve vir de cativeiros ou de planos de manejo regulamentados pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), que fiscaliza o desembarque e as empresas pesqueiras que comercializam o pescado. Segundo o instituto, o produto é regularizado em relação ao período do ano e ao tamanho permitido para pesca e comercialização.


As peles são negociadas com apoio da FAS para a Nova Kaeru, empresa que apoia o manejo do pirarucu pela compra da pele desde 2017. O processo de “curtimento” da pele, que o transforma em couro, é realizado após o transporte do material orgânico até o estado do Rio de Janeiro, sede da empresa.


Feira do pirarucu


A Fundação Amazônia Sustentável (FAS) realiza nesta sexta-feira e sábado, mais uma edição da Feira do Pirarucu, na sede da FAS, localizada na Rua Álvaro Braga, 351, no bairro Parque Dez, zona Centro-Sul de Manaus. O evento tem início às 7h e segue até às 12h, ou até o horário que durar os estoques.


Ao todo, devem ser comercializadas cinco toneladas de peixe. Os valores para a compra do pirarucu são os seguintes: R$ 19 o quilo da manta, R$ 28 o quilo do filé, R$ 14 o quilo da ventrecha e R$ 7 o quilo da carcaça. Dez pirarucus também serão reservados para venda na Feira da FAS, que acontecerá também na sede da instituição, mas no dia 9, domingo.

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