A Operação Rota do Rio, deflagrada hoje pela Polícia Civil do Rio de Janeiro, com apoio de corporações de outros três Estados, inclusive o Amazonas, identificou que a facção criminosa Comando Vermelho (CV), que sem origem em terras cariocas, beneficiou-se do “racha” que praticamente pôs fim à Família do Norte (FDN) para dominar a rota de escoamento de drogas que vem da tríplice fronteira Brasil/Peru/Colômbia e percorre municípios amazonenses, até ser embarcada para outros Estados. Entre os acusados de envolvimento com o crime organzado estão Raimundo Pinheiro da Silva, o Chicó, ex-prefeito de Anamã, que fugiu para Brasília horas antes do cumprimento do mandado de busca para comprovar o uso de um frigorífico dele para lavar dinheiro do tráfico.
Agentes cumpriram 113 mandados de busca e apreensão no Rio de Janeiro, Minas Gerais, Amazonas e Pará. A operação visa a conter a expansão para o Amazonas de traficantes do Comando Vermelho (CV). Chicó é suspeito de usar um frigorífico no Amazonas para lavar o dinheiro do CV no Amazonas. Na casa dele, a polícia apreendeu dinheiro e dois carros.
“Ele fugiu horas antes da operação, em um voo com destino à capital federal”, declarou o delegado-chefe do departamento de Combate ao Crime Organizado e Lavagem de Dinheiro da Polícia Civil carioca, Gustavo Ribeiro.
A polícia trabalha com a possibilidade de que Chicó tenha recebido informação privilegiada sobre a operação.
A operação foi chamada de Rota do Rio por 2 motivos: pelo uso do Rio Solimões para escoar as drogas até a região central do Amazonas, e porque os entorpecentes saem de lá, passam pelo Centro-Oeste e chegam ao Rio de Janeiro.
Segundo o delegado Gustavo Ribeiro, a rota ganhou importância após o fim das relações entre Comando Vermelho (CV) e o Primeiro Comando da Capital (PCC), em 2017.
“É uma tábua de salvação do Comando Vermelho. Após o racha da Família do Norte, essa rota deu sobrevida ao Comando Vermelho porque tem muita capilaridade de entrega de armas e de drogas”, pontuou.
O delegado Jefferson Ferreira explicou o caminho da rota do Rio. “A droga vem da tríplice fronteira (Brasil-Colômbia-Peru), passando por Manaus, vindo para o Rio de Janeiro, e o dinheiro faz o caminho contrário. No Amazonas, havia a ocultação desse dinheiro de origem ilícita. O ex-prefeito foi beneficiário direto desse esquema”, afirmou o delegado.
Um dos presos hoje é Juan Roberto Figueira da Silva, o Cocão, chefe do tráfico do Morro dos Prazeres. Ele estava foragido da Justiça, com pelo menos 6 mandados de prisão em aberto.
Cocão é apontado como um dos responsáveis pelo aumento de roubo de veículos em regiões dominadas pelo Comando Vermelho. “Esse crime gera o dinheiro para comprar a cocaína pura e o skunk puro”, apontou Gustavo.
*Com informações do G1
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