A mesa diretora da Câmara Municipal de Manaus (CMM) recebeu nesta segunda-feira (8) o Plano Municipal de Cultura, elaborado pela Fundação Municipal de Cultura, Turismo e Eventos (Manauscult), via Conselho Municipal de Cultura (Concultura), com trabalhadores e artistas dos vários segmentos culturais.
O plano, que contempla ainda o patrimônio histórico e o setor de turismo, vai fornecer diretrizes para as gestões municipais ao longo dos próximos dez anos, além de garantir condições de planejamento de atividades por parte dos artistas locais.
O presidente da ManausCult, Osvaldo Cardoso, explicou que o plano foi elaborado por meio de reuniões com representantes do Ministério da Cultura, tendo como base o Plano Nacional de Cultura, e recebeu contribuições da classe artística e da população manauara.
“Esse alinhamento beneficia a todos. O artista é um empreendedor e poderá se programar para futuras atividades”, explicou.
“Uma coisa importante é o fortalecimento de uma indústria negligenciada, a indústria cultural e criativa. As pessoas que trabalham nesse setor terão políticas para incentivá-las”, ressaltou o presidente do Concultura, Tenório Telles.
O diferencial do plano, segundo Telles, é a realização de obras direcionadas ao setor cultural, como bibliotecas, teatros e a preservação do patrimônio material e imaterial de Manaus.
“Há muito tempo, a cidade precisava desse plano. É fundamental a discussão e deliberação da Câmara Municipal sobre a proposta. O plano deve ser avaliado com a cautela e celeridade necessárias”, opinou o presidente da CMM, Caio André (PSC).
Em conformidade com o regimento interno da CMM, o presidente Caio André informou que o plano vai retornar às comissões parlamentares e deverá ser votado em plenário na próxima quarta-feira (10).
Custos de manutenção
Vicente Januário de Souza, presidente do grupo folclórico Cabras do Capitão Cabeleira, disse que aprovou o Plano, mas sugeriu a inclusão de demandas do segmento de danças folclóricas, como reajuste dos recursos destinados pelo poder público.
“Hoje, oferecem R$ 15 mil, mas jamais vamos receber esse total. Tirando o desconto do imposto, que varia entre 10% e 15%, quanto vai ficar para nós? Outro problema é o peso da inflação”, exemplificou Januário, ex-conselheiro municipal de cultura.
O custo das fantasias, cujos preços aumentam na época das festividades, e do transporte para locomoção dos cirandeiros também dificultam a manutenção do grupo.
“A ajuda financeira vem em cima da hora, e acabamos tendo perdas, porque o empresário aproveita a proximidade dos eventos para elevar o preço das fantasias”, complementa Vicente.
De acordo com a conselheira de cultura Michelle Andrews, o plano é o ponto de partida para a realização de debates sobre o que deve ser aperfeiçoado no setor cultural da cidade.
“É um marco muito importante. Cada plano municipal é lei, e precisa fomentar o debate entre os trabalhadores, para acrescentar e melhorar e trazer o plano mais próximo da vida real”, disse.
O documento, segundo Michelle, deve considerar o contingente de trabalhadores culturais numa cidade com grandes dimensões. “Podemos fazer revisões anuais, inovar no debate e nas políticas culturais. Aprovar o plano, hoje, é abrir um leque para provocações”.
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