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Ausência de médicos no interior do Amazonas inflaciona valor pago a profissionais


A ausência de médicos especialistas em anestesia, cirurgias obstétricas e cardiologia no interior do Amazonas inflacionou o valor pago a profissionais que se dispõem a prestar atendimento em áreas distantes e de difícil acesso. Levantamento do Conselho de Secretarias Municipais de Saúde (Cosems) revela que profissionais recebem até R$ 135 mil por mês no total de diárias.


Por outro lado, municípios alegam que não podem pagar os valores cobrados. De acordo com o Cosems, as modalidades de contrato variam entre plantão, dias, quinzena, mensal ou por horas. Há médicos que atuam de dois a 30 dias seguidos, mas o contrato mais utilizado é o de 15 dias.


O secretário municipal de saúde de Lábrea (AM), Dario Vicente da Silva, diz receber R$ 216 mil por mês do governo federal para esse tipo de contratação. “Com isso não pago dois cirurgiões por mês aqui”, afirma o secretário municipal de saúde, Dario Vicente da Silva. Na cidade, para não deixar os moradores sem assistência, a prefeitura contratou dois cirurgiões, que se revezam 15 dias seguidos trabalhando no hospital, e recebem por isso R$ 90 mil mensais cada um. “Parto é eles que fazem. Não tenho anestesista, nem obstetra”, acrescenta.


Pacote de serviços


Dario informa que uma empresa especializada cobrou R$ 503 mil por mês por um pacote que inclui obstetra, anestesista e cirurgião. “Consultei então direto um ginecologista, e ele cobrou R$ 120 mil por 20 dias. É muito caro, não temos condições”.


O presidente do Cosems no Amazonas, Manoel Barbosa, afirma que a maioria dos profissionais cobra por diárias. “Normalmente se contrata um cirurgião que faz tudo dentro do hospital. Tem casos são eles que atendem tanto a parte clínica, como as cirurgias”.


O presidente da Associação Amazonense de Municípios, Anderson Souza, afirma que apresentou o problema recentemente ao governo do estado e à ministra da Saúde, Nísia Trindade. “Existe uma preocupação com os valores pagos pelo programa Mais Médicos, que dificilmente vai conseguir levar estes profissionais para os municípios. Existe uma dificuldade do governo do estado em contratar, já que as cooperativas tabelaram preço por plantão, e não por permanência do profissional no interior”.

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