A violência contra a comunidade transexual é uma realidade brasileira, e a cada novo caso divulgado a estatística só aumenta. O Amazonas registrou sete mortes de pessoas trans em 2023, e ocupa o primeiro lugar do ranking entre os estados da Região Norte, e a oitava colocação nacional, segundo dados da Associação Nacional de Travestis e Transexuais do Brasil (ANTRA).
Em 2022, o Amazonas foi palco de oito assassinatos. Em 2021, apenas quatro mortes foram relacionadas.
O material aponta ainda que o Amazonas está entre os dez estados brasileiros que mais assassinaram pessoas trans entre 2017 e 2023, com 38 homicídios.
Casos de grande repercussão
Em dezembro de 2023, uma mulher trans foi encontrada morta no município de Parintins, no interior do Amazonas, após ser denunciada por abusar sexualmente de uma criança, naquela localidade.
Levada à delegacia, ela prestou depoimento negando o suposto estupro. Depois que o exame de conjunção carnal feito na vítima, um menino, não comprovou o abuso, a mulher trans foi liberada pelos policiais.
No entanto, horas depois, ela foi encontrada morta em uma área de mata. A polícia acredita que a autoria do crime tenha sido de pessoas que se “precipitaram” sobre o caso.
Outro caso que chocou o Amazonas foi a execução de uma mulher transexual no Anel Leste, bairro Cidade de Deus, zona norte de Manaus, durante o mês de outubro do ano passado.
A vítima, juntamente com a prima, foram mortas a tiros por um grupo de criminosos. Ferida, a mulher trans foi arrastada para a sarjeta, chegando ao fim da vida sem nenhuma dignidade. A motivação do crime é investigada pela Polícia Civil do Amazonas.
Essas são algumas histórias de mulheres trans vítimas da violência diária do Estado do Amazonas, e que ilustram dados apontados no “Dossiê Assassinatos e violências contra travestis e transexuais brasileiras em 2023”, divulgado nesta segunda-feira (29), pela ANTRA.
Mortes por regiao
A região norte apresenta 9% dos casos de assassinato no país, ficando atrás do sudeste (37%), nordeste (36%), sul (10%). O Centro-Oeste aparece atrás do norte, com 7%.
No aspecto geral, a morte de pessoas trans no Brasil preocupa pelo índice que vem sendo registrado nos últimos anos.
De acordo com o dossiê, foram registradas 145 mortes por assassinatos, o que representa um aumento de 10,7% em relação ao ano anterior.
É válido destacar também que cinco desses casos foram cometidos contra pessoas trans defensoras de direitos humanos.
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