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Acidentes com ligações clandestinas e roubo de cabos mataram 16 este ano no Amazonas

Em abril deste ano, no espaço de uma semana, dois homens morreram, no bairro Coroado, zona Leste de Manaus, pelo mesmo motivo: foram eletrocutados ao tentar furtar cabos de energia da rede elétrica. A morte por descarga de grande intensidade não é incomum. Em 2023, foram formalmente informados à Amazonas Energia 27 acidentes com mortes, no estado, em decorrência de choques elétricos.


O número de acidentes, no entanto, pode ser muito superior em virtude da baixa notificação. “Como a maioria desses acidentes está associada a práticas irregulares como a tentativa de fazer ligações clandestinas ou furto de cabos dos postes ou subterrâneos de energia, os responsáveis por essas ações ou seus parentes não notificam as ocorrências”, explicou Deborah Neves, engenheira de Segurança do Trabalho.


Além dos crimes ligados diretamente à rede elétrica, destacam-se situações perigosas que podem levar a acidentes com sérios danos à saúde. Uma simples poda de árvore pode ser fatal. Ao cortar os galhos que estavam próximos a fiação, por descuido, um homem tocou o terçado na rede elétrica e levou um choque tão intenso que não resistiu e faleceu no local.


Segundo a engenheira de Manutenção Elétrica Gilmara Pereira, para cabos energizados que atingem elevados níveis de tensão, a aproximação de um indivíduo, tecnicamente desprotegido, ainda que sem o contato físico (toque direto com o cabo de energia ou outro meio energizado) pode ocasionar o choque elétrico por “indução” e acometer o indivíduo à sérias sequelas e até à morte. Para cada nível de tensão existe uma distância de segurança a ser mantida e a orientação de utilização de equipamentos de proteção, recomendados na norma regulamentadora NR-10.


“Muitos desconhecem, mas o choque por aproximação, por indução, é perigoso. Acidentes podem ocorrer quando: a fiação elétrica de uma instalação residencial, realizada por uma pessoa curiosa (que não esteja habilitada/capacitada para exercer a atividade técnica), contém falhas de instalação que podem ocasionar riscos elétricos aos moradores e a seus vizinhos; Um galho caído sobre os fios pode conduzir a eletricidade. Por isso, deve-se evitar o toque nas madeiras sobre os cabos”.

As engenheiras salientam que o crescimento desordenado da cidade, com construções muito próximas à fiação da rede de distribuição de energia, postes e transformadores, representam um risco eminente de acidente. A distância recomendada para a construção em relação à rede de distribuição de média tensão (MT) e baixa tensão (BT) deve ser de cinco metros. No entanto, algumas edificações estão posicionadas a apenas alguns centímetros da rede elétrica.


Mesmo quando não há danos aparentes no corpo humano após os choques, é imprescindível atendimento médico. “O contato com cabos energizados, à depender de vários fatores técnicos e ambientais que cercam o indivíduo exposto à corrente elétrica (intensidade da corrente, duração ou tempo de contato com a corrente elétrica, caminho da corrente elétrica percorrido pelo corpo, estrutura física do indivíduo, entre outros) pode ferir gravemente e até matar uma pessoa, seja por contração muscular (fibrilação ventricular), danos no sistema nervoso ou ocasionar queimaduras de 2º e 3º graus, externas (visíveis na pele) e internas (visualmente não perceptíveis atingindo órgãos vitais como rins, coração e pulmão. Por isso, é importantíssimo buscar atendimento adequado”, explicou a engenheira Gilmara Pereira.


Se houver a necessidade de realizar atividades na rede elétrica residencial, chame um profissional habilitado para realizar o serviço. Se houver a necessidade de realizar uma atividade próxima da rede de distribuição da concessionária ou ainda necessitar manusear equipamentos ou objetos que, por acidente de manuseio, possam tocar a rede elétrica, entre em contato com a concessionária de energia, através dos meios de comunicação oficiais, para receber orientação de como proceder de forma segura.


Brasil


A Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos da Eletricidade (Abracopel) divulgou, em agosto, os dados referentes ao primeiro semestre de 2023. Os números não são nada animadores. No comparativo dos seis primeiros meses deste ano com igual período de 2022, tanto os acidentes quanto as mortes cresceram no país.


Em 2023, foram 992 acidentes com choques, incêndios e raios. Crescimento de 4,5% em relação ao ano passado, quando foram registrados 949 acidentes. As mortes também subiram. Este ano somam 399, contra 384 do ano passado. Elevação de 4%.

A engenheira Deborah Neves orienta as pessoas despreparadas para manusear energia a se manterem bem distante. “Fiquem longe da rede elétrica. Ela não combina com improviso. Somente os técnicos especializados podem realizar serviços neste tipo de instalação. Se ocorrer acidente, ligue imediatamente para o 192 do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu)”, recomendou.

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